O médico registrou mais de 30 boletins de ocorrência contra Kawara.
Uma mulher foi presa por perseguir um médico durante quatro anos. Ela seguia todos os movimentos dele, fazia mais de mil chamadas em um único dia e até roubou o celular da esposa do médico. Esse caso não é único, mas as vítimas estão perdendo o medo e denunciando esse tipo de perseguição, que é crime e tem nome: stalking.
A perseguição feita por uma pessoa próxima ou até mesmo por um desconhecido tem nome e é crime. Stalking é uma palavra em inglês que significa perseguição.
Um médico de Minas Gerais sabe bem o que é isso.
“Minha vida virou de cabeça para baixo porque você literalmente perde a sua paz, perde o chão.”
Ele é perseguido por uma ex-paciente desde 2019. Kawara Welch Ramos de Medeiros se apaixonou durante os atendimentos de emergência, um amor não correspondido.
“Ela começou dizendo: uma pessoa não salva a vida da outra três vezes assim do nada, que havia algo espiritual entre nós dois.”
O médico decidiu então não atender mais essa pessoa, e a situação começou a se tornar doentia.
“No início, ela começou a me mandar mensagens com fotos e vídeos de tentativa de suicídio em casa: ‘Olha, você vai me deixar morrer em casa. Estou trancada no meu quarto, ninguém sabe disso aqui, só você. A única pessoa que pode me ajudar é você.’”
Uma câmera de segurança flagrou Kawara no estacionamento do hospital abordando o médico quando ele chegava para mais um plantão.
“Ela fez um dossiê falando de mim, sobre a minha vida, como eu era, como eu sou, tudo falando mal de mim. E esse dossiê ela entregou para as mães dos alunos que estudavam com meu filho.”
Kawara, que tem 23 anos, também ameaçava a esposa dele. Uma imagem mostra que ela chegou a agredir a mulher no carro.
“Ela roubou o telefone da minha esposa da mão dela, usando violência. Foi algo muito grave. Isso mexeu muito com a família, realmente.”
A vida da família virou um caos.
“Em um único dia, ela me enviou mais de 1300 mensagens e me ligou mais de 500 vezes.”
O médico registrou mais de 30 boletins de ocorrência. Kawara foi detida duas vezes e passou mais de um ano foragida. Na última semana, ela foi presa pela terceira vez. A advogada dela não retornou o contato da reportagem.