O dólar apresentou volatilidade nesta terça-feira (18), flutuando entre altas e baixas, após declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Lula afirmou que o Banco Central do Brasil (BC) é a “única coisa desajustada” no país e que o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, “trabalha para prejudicar o país”.
Em entrevista à Rádio CBN, Lula disse: “só temos uma coisa desajustada neste país: é o comportamento do Banco Central. Presidente com lado político, que trabalha para prejudicar o país. Não tem explicação a taxa de juros estar como está”.
A declaração antecede a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, marcada para esta quarta-feira (19), que definirá o rumo da Selic, taxa básica de juros. O mercado espera que os juros sejam mantidos em 10,50% ao ano.
Campos Neto, aborto, taxa das blusinhas, corte de gastos: veja os principais pontos da entrevista de Lula à CBN.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Saiba mais
Dólar
Às 15h53, o dólar subia 0,06%, cotado a R$ 5,4249. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,444. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda norte-americana subiu 0,73%, cotada a R$ 5,4214. Na máxima do dia, alcançou R$ 5,4304.
Com o resultado, acumulou altas de:
0,73% na semana;
3,28% no mês;
11,72% no ano.
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,42%, aos 119.633 pontos.
Na véspera, o índice fechou com queda de 0,44%, aos 119.138 pontos.
Com o resultado, acumulou quedas de:
0,44% na semana;
2,42% no mês;
11,21% no ano.
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O que está mexendo com os mercados?
Numa semana em que o foco do mercado doméstico está voltado para o Copom, na expectativa da postura do BC em relação aos juros, as novas declarações do presidente Lula pesam negativamente sobre os ativos brasileiros, contribuindo para a desvalorização do real frente ao dólar.
Enquanto investidores e especialistas esperam a manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano, Lula voltou a criticar a postura do BC em relação aos juros, afirmando que o país não precisa de uma taxa elevada.
“Temos uma situação que não necessita dessa taxa de juros. Taxa proibitiva de investimento no setor produtivo. É preciso baixar a taxa de juros compatível com a inflação. A inflação está controlada. Vamos trabalhar em cima do real”, completou.
Sobre o presidente do BC, Lula disse que Roberto Campos Neto tem pretensões políticas e sugeriu que ele pode assumir um cargo no Governo do Estado de São Paulo quando seu mandato acabar: “A quem esse rapaz está submetido? Como vai a festa em SP quase assumindo candidatura a cargo no governo de SP? Cadê a economia dele?”, questionou.
Vale lembrar que o mandato de Campos Neto termina em 2024 e que, desde 2021, a legislação brasileira determina a autonomia do BC, que deve tomar suas decisões sem interferência política. No entanto, Lula afirmou que indicará para a presidência da instituição alguém com “compromisso com o crescimento do país”.
A legislação estabelece que o presidente e os diretores do BC têm mandatos de 4 anos não coincidentes com a presidência da República – um novo presidente assume o BC no terceiro ano de mandato de cada presidente da República.
Cabe ao presidente da república indicar nomes para o comando do BC, mas estes só serão aprovados com o aval do Senado Federal.
“Só temos uma coisa desajustada no Brasil: é o comportamento do Banco Central”, diz Lula.
Além disso, pesa a incerteza fiscal sobre o Brasil. Na última semana, falas do presidente Lula aumentaram a percepção de que o governo não conseguirá reduzir seus gastos, o que fez disparar o preço do dólar.
Na entrevista à CBN, Lula também foi questionado sobre corte de gastos do governo, outro ponto de tensão nos mercados nos últimos dias. Ele afirmou que o governo prepara uma proposta de Orçamento para encaminhar ao Congresso, mas não deu detalhes sobre redução de despesas.
Perguntado sobre gastos com previdência, despesas com saúde e educação e aposentadoria de militares, Lula disse que “nada é descartável”.
Ontem, em entrevista a jornalistas após reunião com o presidente Lula para analisar as contas do governo e preparar a elaboração do Orçamento de 2025, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, afirmaram que o nível elevado de renúncias fiscais na conta do governo federal chamou a atenção do presidente.
“São duas grandes preocupações: o crescimento dos gastos da Previdência e da renúncia tributária. E o aumento dos gastos da Previdência está relacionado também ao aumento das renúncias tributárias”, disse Tebet.
“Esses números foram apresentados ao presidente. Ele ficou extremamente mal impressionado com o aumento dos subsídios”, acrescentou a ministra.
Outro fator que tem impulsionado o dólar nas últimas semanas é a perspectiva de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos. Analistas previam que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deveria iniciar um ciclo de corte nas taxas no começo do ano, o que não aconteceu.
Agora, o mercado espera que isso ocorra apenas nos últimos três meses de 2024, tendo em vista que a economia dos Estados Unidos se mostrou resiliente durante todo o primeiro semestre.