Crise global nos preços do combustível
O mundo está vivenciando um aumento significativo no preço da gasolina, o que representa um novo desafio inflacionário para bancos centrais e governos. As cifras indicam que o preço do combustível alcançou seu maior nível em nove meses em localidades como Nova York e regiões da Ásia. Este fenômeno está ligado a uma série de problemas nas refinarias e à diminuição dos estoques em áreas estratégicas, como a costa do Golfo do México e Singapura.
Situação nos Estados Unidos
Nos EUA, apesar do preço do petróleo se manter estável, as cifras da gasolina registraram um aumento superior a 20% neste ano. Esta tendência é motivo de alerta para o Federal Reserve e outras instituições financeiras centrais, que têm mostrado indícios de que poderiam encerrar suas medidas de combate à inflação. Andrew Hollenhorst, economista-chefe do Citigroup nos EUA, salienta que “a alta nos custos energéticos pode impulsionar os preços ao consumidor, resultando em uma retomada da inflação em determinados setores”.
Dinâmica dos preços
A intersecção entre estoques limitados e demanda crescente tem gerado um incremento nos preços em diversas refinarias globalmente. Na Europa, os valores da gasolina têm crescido a um ritmo superior ao do petróleo, ainda que esse aumento não tenha sido integralmente repassado aos consumidores finais. Por outro lado, em Singapura, as refinarias, que têm papel crucial na logística asiática, passam por apertos em razão das exportações chinesas aquém das expectativas.
Oferta global em declínio
A capacidade de oferta global de gasolina ainda não se recuperou de patamares históricos baixos, apesar de expansões nas capacidades de refino em áreas como Oriente Médio e China. Situações não previstas, como interrupções em refinarias chave – Exxon em Baton Rouge (EUA), Shell em Rotterdam e ENEOS Holdings em Mizushima (Japão) – agravaram a situação.
China: gigante em demanda de petróleo
A China, principal importadora mundial de petróleo, mostra sinais de uma demanda em alta. Estatísticas revelam que o tráfego nas 15 cidades mais veiculadas aumentou em aproximadamente 25% em comparação a janeiro de 2021. Paralelamente, os estoques comerciais de gasolina encontram-se no menor nível desde 2019. Projeções apontam para uma demanda chinesa de gasolina em torno de 3,3 milhões de barris diários em julho, um aumento de 14% comparado a julho de 2019, período pré-pandemia.
Escrito por Roberta Souza em Refinaria e Termoelétrica