Brasil e China caminham a passos largos para um acordo que permitirá transações bilaterais sem a necessidade do dólar americano. O anúncio foi feito durante um seminário empresarial entre os dois países em Pequim no final de março. O novo formato para a realização de transações entre os dois países em suas próprias moedas deve ser finalizado durante a visita oficial do presidente Lula à China. A visita está marcada para a próxima semana.
Mas o que isso significa na prática? Antes da invasão russa da Ucrânia, pouco se sabia sobre o Swift – o sistema de pagamento internacional dominante no mundo, controlado pelos Estados Unidos. No entanto, depois que Washington e seus aliados ocidentais responderam ao avanço de Moscou em direção a Kiev com sanções econômicas e financeiras, o mundo soou o alarme. Isso porque Swift havia se tornado uma arma de guerra contra adversários em potencial.
Com isso, diversos países começaram a buscar alternativas confiáveis e encontraram uma opção viável no sistema de pagamentos internacional da China, conhecido como CIPS. Esta alternativa revelou-se um meio de reduzir a suscetibilidade a conflitos geopolíticos e também uma forma de competir com o domínio económico do Ocidente.
A decisão do Brasil e da China de negociar em suas próprias moedas é uma clara demonstração de independência financeira e uma resposta às preocupações geopolíticas. O sistema de meio de pagamento internacional dominante no mundo, o Swift, é controlado pelos Estados Unidos e, portanto, pode ser usado como uma arma de guerra econômica contra possíveis adversários. A Rússia é um exemplo disso, já que após a invasão da Ucrânia, o país sofreu sanções econômicas e financeiras que afetaram diretamente seu acesso ao Swift.
Com o avanço do CIPS, o sistema de pagamentos internacionais chinês, muitos países começaram a buscar alternativas confiáveis para negociar e se proteger contra possíveis conflitos geopolíticos. Brasil e China, ao optarem por negociar em suas próprias moedas, estão reduzindo sua exposição à interferência externa e fortalecendo sua independência financeira. Essa medida não só beneficiará as transações bilaterais entre os dois países, mas também pode ter um impacto significativo no comércio global e na geopolítica internacional.
Novos acordos entre Brasil e China
No entanto, no caso do Brasil, a situação é diferente. Como a China é o maior parceiro comercial do país há treze anos consecutivos, a escolha do CIPS está principalmente relacionada ao comércio bilateral.
Sob a supervisão do Banco Central Chinês (PBOC), o CIPS fornece uma alternativa ao sistema de pagamento Swift e realiza compensação financeira em yuan (renminbi), conectando mercados de compensação onshore e offshore e bancos participantes. Esse processo será facilitado pela criação de uma câmara de compensação ou banco de compensação offshore.
Além disso, o Banco Central do Brasil troca moedas com vários bancos centrais em todo o mundo, incluindo o Banco Central do Brasil (BACEN). Em fevereiro deste ano, o Brasil assinou um acordo semelhante, indicando maior cooperação na realização de transações com o yuan. Espera-se que esta iniciativa impulsione o comércio e o investimento, facilitando as exportações e as transferências de capital.
Ao mesmo tempo, dados do Banco Central mostram que a moeda chinesa ultrapassou o euro e se tornou a segunda maior moeda de reserva internacional do Brasil. No final de 2022, o yuan representava 5,37% das reservas, enquanto o euro representava 4,74%. No entanto, o dólar continua dominante, com 80,42% do total.
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